A agricultura regenerativa tem vindo a afirmar-se como uma abordagem inovadora para resolver os desafios da agricultura moderna. Ao focar na recuperação e manutenção da saúde do solo, esta prática contribui para aumentar a produtividade e a resiliência das culturas, respeitando o equilíbrio dos recursos naturais. Na cultura do medronho a adopção de técnicas regenerativas não pode ser vista como uma tendência, mas uma necessidade estratégica.
Entre as práticas mais eficazes da agricultura regenerativa está a cobertura do solo, por exemplo recorrendo à técnica de mulching, que ajuda a manter a humidade e a proteger as raízes das plantas. Para tal podemos recorrer à utilização de estilha de madeira, proveniente da poda do próprio medronheiro, que não só reduz a evaporação da água, como também enriquece o solo à medida que a matéria orgânica se decompõe. Este método, simples mas eficiente, cria um ambiente saudável para as raízes, melhora a infiltração de água e promove um ciclo nutritivo contínuo.
A gestão eficaz da água é outro pilar fundamental. A técnica de Keyline, aplicada por exemplo por nós na Monte do Milhano, Sociedade Agrícola, LDA, otimiza o aproveitamento da água da chuva, distribuindo-a de forma mais uniforme pelo terreno. A água é retida e distribuída de maneira mais eficiente, garantindo que as plantas recebam o necessário mesmo nos períodos mais secos. Além disso, o armazenamento de água em charcas permite uma irrigação mais controlada e, com o aumento da humidade do ar, reduz-se assim, no caso do medronheiro, as perdas de fruto por mumificação do mesmo.
A redução da mobilização do solo é outra estratégia essencial. Técnicas de que impliquem mobilização nula ou reduzida ajudam a preservar a estrutura do solo e a evitar a sua compactação, que dificultaria a infiltração da água e o desenvolvimento das raízes. Equipamentos mais leves ou adaptados ao terreno também desempenham um papel importante, minimizando o impacto sobre o solo e contribuindo para a sua saúde a longo prazo.
Estas técnicas, quando integradas, criam um sistema agrícola mais equilibrado e sustentável. A preservação da humidade do solo e do ar, a gestão inteligente da água e a redução da mobilização do solo permitem que o cultivo do medronho não só sobreviva, mas prospere, mesmo perante os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Além disso, estas práticas reduzem a dependência de inputs e promovem a autossuficiência da exploração.
Num cenário de mudanças climáticas e secas prolongadas, a agricultura regenerativa oferece não só soluções práticas para a produção de medronho, mas também um caminho para a sustentabilidade a longo prazo. A aplicação de técnicas como o mulching, o Keyline e a não mobilização de solos representa uma resposta estratégica para garantir que o medronho possa torna-se uma das culturas mais rentáveis e sustentáveis no futuro, para o Baixo Alentejo e Algarve.